patre II
O efeito Darwin
“Após ter lido A origem das espécies, de Charles Darwin, Marx escreveu uma
carta ao seu amigo Lassalle na qual exulta porque Deus - ao menos nas ciências
naturais - recebeu o golpe de misericórdia”.5
Não que essa fosse a intenção do naturalista Charles Darwin, mas suas idéias
foram e ainda são utilizadas pelos ateus do mundo inteiro como argumento para
provar que o simples fato de o mundo existir não demanda a existência de um
Criador. Segundo a teoria da Evolução das Espécies, o mundo é o resultado de
bilhões de anos de evolução, pela qual as formas de vida mais simples evoluíram
para as formas de vidas mais complexas, até chegarem no homem.
Essa questão ferveu na Inglaterra do século XIX e, depois, no mundo inteiro.
Conceber o Universo em termos evolutivos foi o padrão que, desde então, serviu
para considerar a evolução como algo inerente à natureza de todas as coisas.
Assim, não havia a necessidade de um agente externo, ou seja, Deus. Com sua
teoria, Darwin proporcionou aos incrédulos aquilo que ainda lhes faltava: uma
“base científica” para a negação de Deus.
Isso, no entanto, não significa que Darwin estava negando a existência de Deus.
Em verdade, ele estava atribuindo o fato biológico ao Criador. Mas aqueles que
buscavam ensejo para anular o argumento da criação como prova da existência de
Deus usaram sua teoria como base. Logo, ser ateu por causa da evolução era uma
opção de crença, e não uma conseqüência da teoria de Darwin. Até porque havia
muitos teístas (pessoas que admitem a existência de um Deus pessoal como causa
do mundo) entre aqueles que acreditaram na evolução.
Nosso propósito aqui não é discutir sobre a teoria da Evolução das Espécies.
Mas é importante saber que, mais de cem anos depois, muitas dúvidas ainda
pairam sobre essa teoria, insuficiente para explicar a origem do homem. Embora
admita a evolução, o historiador sueco Karl Grimberg, no princípio de sua
História Universal, comenta o seguinte: “se (conjunção condicional) a estrutura
anatômica do homem é o culminar de uma longa evolução, foi, no entanto,
repentino o nascimento da sua inteligência. Tudo faz supor que o limiar por
onde se ascendeu diretamente o pensamento foi transposto de uma só vez” (grifo
do autor).6
Grimberg fez essa declaração em 1941. Mas é impressionante a recente observação
da revista Veja sobre o comentário de um dos maiores neodarwinistas da
atualidade: “... o biólogo Ernst Mayr, da Universidade de Harvard, também
concorda que apenas o desenrolar das leis naturais talvez explique o surgimento
da vida na Terra – mas isso certamente não pode ser invocado para explicar o
aparecimento de seres inteligentes. Lendário pelo ceticismo, Mayr não fala em
milagre. Nem pode. Ele é considerado o maior neodarwinista vivo. Mas seu
cálculo sobre a possibilidade de a natureza produzir seres inteligentes pelos
processos evolutivos conhecidos é quase uma sugestão de que os seres humanos
são mesmo produtos sobrenaturais” (grifo do autor).7
A espada de Karl Marx
De todos os movimentos que se rebelaram contra a crença em Deus, o marxismo foi
o mais relevante. Toda a ideologia marxista e as demais que dele se originaram
(comunismo, socialismo, leninismo e maoísmo) apresentavam uma aversão profunda
contra toda e qualquer religião, principalmente o cristianismo. O ateísmo foi
ensinado nas escolas e inculcado nos cidadãos que viviam sob essa orientação
ideológica desde a mais tenra idade e em todo lugar. Muitos dos argumentos que
os ateus atuais lançam contra Deus eram comumente utilizados pelos países comunistas/socialistas.
“O ateísmo de Marx certamente era de uma espécie extremamente militante. Ruge
escreveu a um amigo: Bruno Bauer, Karl Marx, Christiansen e Feuerbach estão
formando uma nova ‘Montagne’8 e fazendo do ateísmo o seu lema. Deus, religião e
imortalidade são derrubados de seu trono e o homem proclamado Deus”. E George
Jung, um jovem próspero, advogado de Colônia e partidário do movimento radical,
escreveu a Ruge: “Se Marx, Bruno Bauer e Feuerbach, juntos, fundarem uma
revista teológico-filosófica, Deus faria bem em cercar-se de todos os seus
anjos e se entregar à autopiedade, pois estes certamente o tirarão de seu céu
[...] Para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais
que existe” (grifo do autor).9
Como vemos, nem sempre o ateísmo existiu como uma crença passiva, como uma
indiferença à religião. Dentro do conceito marxista, o ateísmo deveria
substituir a crença em Deus, nem que para isto fosse necessário usar de
violência. Não precisamos registrar aqui os milhares de mártires resultantes da
implantação da ideologia comunista. Como escreveu Richard Wurmbrand, fundador
da Missão a Voz dos Mártires: “Poso entender que os comunistas prendam padres e
pastores como contra-revolucionários. Mas por que os padres foram forçados a
dizer a missa sobre excrementos e urina, na prisão romena de Piteshti? Por que
cristãos foram torturados para tomarem a comunhão com esses mesmos elementos?
Por que a obscena zombaria da religião?”.10
O ateísmo militante no Ocidente
O atual movimento ateísta pode não ser algo tão inofensivo quanto se imagina.
Marx foi um filósofo, não um carrasco. Mas não podemos dizer o mesmo de muitos
de seus filhos ideológicos, como, por exemplo, Lênin e Stalin, na ex-URSS, e
Mao Tse Tung, na china. A perseguição religiosa durante os seus governos, e
também depois, mostra claramente que o ateísmo pode tornar-se tão intolerante
quanto qualquer religião.
O ateísmo morreu com a queda da cortina de ferro para, agora, renascer no
Ocidente, apoiado pela liberdade democrática, com o risco de tornar-se uma
crença intolerante e agressiva.
Vladimir Lenin |
A postura acadêmica de muitos ateus ocidentais da atualidade está em agudo
contraste com alguns dos mais coloridos ateístas dos tempos passados. A
fundadora da organização American atheists (“Ateístas americanos”), Madalyn
Murray o’Hair, ficou conhecida mais por sua linguagem grosseira e ultrajes
explosivos contra manifestações públicas de religião do que por suas proezas
intelectuais. Ela veio a público em 1963, mas foi em 1959 que sua causa judicial,
envolvendo seu filho, chegou à Suprema Corte. No caso Murray versus Curlett, a
Corte declarou ilegal a oração obrigatória nas escolas públicas e, com isso,
incentivou Murray, com uma carreia de mais de 30 anos, a criar uma América
livre de religião.
Murray, freqüentemente, debatia em público, denunciando, de forma voraz, o
cristianismo e lutando em favor do ateísmo. Iniciou muitos processos para que a
sociedade americana ficasse livre de qualquer religião. Em um deles, a
solicitação para que as notas e moedas americanas não trouxessem a frase “Em
Deus nós confiamos”.
Chegou a afirmar, algumas vezes, que a American atheists tinha mais de 75.000
adeptos, porém, o mais exato é que tivesse apenas cerca de 5.000.
Em 1995, ela e sua família desapareceram com grandes porções dos fundos de suas
várias organizações, exceto seu filho William Murray (objeto de seu processo
judicial inicial), isolado por ela por ter-se convertido a Cristo. Os
desaparecidos foram considerados assassinados.
Bases históricas dos ateus
Alguns sites, como o www.oateufeliz.com.br, por exemplo, fazem menção das
mortes efetuadas pela Inquisição católica e pela colonização protestante na
América para combater a crença em Deus. Todavia, querer provar que Deus não
existe por esse motivo é um tanto quanto sem fundamento. Os ateus não podem
esquecer que Stálin, Lênin e Mao Tse Tung mataram milhões de pessoas inspirados
no socialismo ateu, conforme divulgado por Karl Marx.
Da mesma forma, o Nazismo dizimou a raça judaica e milhares de outras minorias
por conta de suas teorias racistas, baseadas no darwinismo e no filósofo ateu
Friederich Nietzsche.11 Mas não podemos negar a existência de Marx, Darwin e
Nietzsche pelo fato de seus escritos terem sido utilizados de forma perversa.
Na verdade, as guerras e os massacres ocorrem motivados pelo desejo de poder e
pela ambição por riquezas. A religião apenas serve de justificativa para tais
atos, assim como o ateísmo serviu de motivo para que milhares de cristãos
fossem massacrados em países comunistas. Assim, se a religião, por motivos
históricos, pode ser classificada como nociva, o ateísmo também pode. Se,
porém, separarmos os frutos bons dos ruins, veremos que a fé em Deus produziu
os melhores.
Se os homens erraram dentro da História do Cristianismo, isso apenas indica que
eles estavam fora dos padrões de Deus, e não um fundamento que sirva para
provar que Deus não existe. Uma coisa é dizer que Deus não existe. Outra bem
diferente é mostrar que o homem não tem obedecido a Deus como deveria.
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